SINGELA HOMENAGEM (LUGARES DO BRASIL)

quinta-feira, 21 de abril de 2011

PÁSCOA


PÁSCOA - Seu siginificado



A PÁSCOA, além de ser considerada uma das principais festas cristãs, sempre representou a passagem de um tempo de trevas para um tempo de luz. Na verdade, (peschad), em grego (paskha) e no latim (pache), ou seja, passagem, é a verdadeira tradução para o vocábulo “páscoa”, em nossa língua. Um dos significados seria a transição anunciada pelo equinócio da primavera do hemisfério norte, que ocorre no dia 21 de março, e na do sul, em 23 de setembro. Para que entendamos o significado da Páscoa cristã, é preciso que voltemos no tempo até a Idade Média, antes de partirmos para “o começo de tudo”... Os antigos povos pagãos da Europa, homenageavam Ostera – Esther, em inglês, que quer dizer Páscoa. Ostera (ou Ostara) é a deusa da primavera, que segura um ovo enquanto observa um coelho, símbolo da fertilidade, a pular alegremente em redor de seus pés nús. A deusa e o ovo, portanto, são símbolos da chegada de uma nova vida. Na mitologia grega, Ostara equivale a Persephone e na mitologia romana, a Ceres.

Tais povos pagãos comemoravam a chegada da primavera decorando ovos, costume que surgiu na Inglaterra, durante o século X, no reinado de Eduardo I (900-924), que tinha o hábito de banhar ovos em ouro para ofertá-los aos seus amigos e aliados. Pintar ovos a mão também é uma tradição que acompanha os ucranianos em quase toda a sua história.r Para eles, receber ovos pintados traz boa sorte, fertilidade, amor e fortuna. Geralmente esses ovos são de galinha, ganso ou codorna e requerem um trabalho artesanal minucioso.

Em hebraico, temos o “pessach”, a chamada “Páscoa Judaica”, que se originou quando os hebreus, há mais ou menos três mil anos, celebraram o êxodo e a libertação do seu povo pelas mãos de Moisés, após quatrocentos anos de cativeiro no Egito. Comemoravam, assim, a passagem da escravidão para a libertação: saíram do solo egípcio, ficando quarenta anos no deserto até chegar à região da Palestina, a terra prometida, atualmente chamada Israel. A comemoração inclui, entre outras coisas, uma refeição onde se come o Cordeiro Pascal, o pão àzimo (sem fermento), também conhecido como ”matzá”, ervas amargas e vinho tinto. A festa da Páscoa passou a ser cristã após a última ceia de Jesus com os apóstolos, na quinta-feira santa. Os fiéis cristãos celebram a ressureição de Cristo e sua ascenção ao céu. As imagens deste momento são a morte de Jesus na cruz e a ressurreição. A celebração completa tem início na quarta-feira de cinzas e se conclui no domingo de Páscoa; é o período chamado de Quaresma.

A data cristã foi fixada durante o Concílio de Nicea, em 325 d.C, como sendo “o primeiro domingo após a primeira lua cheia que ocorre após ou no equinócio da primavera boreal, adotada como sendo o dia 21 de março”.


A ORIGEM DA SIMBOLOGIA DO OVO


O ovo é um símbolo que se explica por si mesmo. Contém o germe, o fruto da vida que representa o nascimento, o renascimento, a renovação e a criação cíclica. De um modo simples, podemos dizer que o ovo é o símbolo da vida.

Celtas, gregos, egípcios, fenícios, chineses e muitas outras civilizações acreditavam que o mundo havia nascido de um ovo. Na maioria das tradições, este “ovo cósmico” sempre aparece depois de um período de cáos.

Na Índia, por exemplo, acredita-se que uma gansa de nome Hamsa (um espírito considerado o “sopro divino”), chocou o ovo cósmico na superfície de águas primordiais e, daí, dividido em duas partes, o ovo deu origem ao céu e a terra. O céu seria a parte leve do ovo, a clara, e a terra, a mais densa, ou seja, a gema. Para os chineses, o mito do ovo cósmico também faz parte das tradições. Antes do surgimento do mundo, quando tudo ainda era cáos, um ovo semelhante ao de galinha se abriu e, de seus elementos pesados, surgiu a terra (Yin) e, da parte leve e pura, nasceu o céu (Yan). Também para os celtas o ovo cósmico é comparado a um ovo de serpente: assim, a gema representaria o globo terrestre; a clara, o firmamento e a atmosfera; a casca, a esfera celeste e os astros.

Para os cristãos, o ovo surge como uma renovação periódica da natureza. Algo como o mito da criação cíclica. Em muitos países europeus, ainda hoje há a crença de que comer ovos no domingo de Páscoa traz saúde e sorte por todo o resto do ano. Há quem acredite que um ovo posto numa sexta-feira Santa afasta as doenças...


POR QUE OVOS DE CHOCOLATE E COELHO?


Ambos foram trazidos de antigos rituais pagãos de fertilidade da primavera, que aconteciam na Europa e no Oriente Médio e eram relacionados à ressurreição. O coelho da Páscoa representa o renascimento da vida. No Egito antigo, o símbolo da fertilidade era a lebre. Já na Europa, é também o coelho que representa o renascimento da vida pois a Páscoa européia coincide com com o início da primavera. Assim que a neve se derrete, a vida ressurge e os coelhos deixam suas tocas após a hibernação do inverno. Do outro lado do mundo, com a chegada da primavera, os chineses costumavam presentear seus amigos com ovos que eram embrulhados em cascas de cebola e cozidos com beterraba. Quando retirados do fogo, eles apresentavam desenhos mosqueados na casca.

A partir do século XIII, a igreja católica adotou o ovo como símbolo oficial da Páscoa. Quanto ao fato de serem de chocolate, a explicação mais provável tem a ver com o início da produção de chocolate em larga escala, pela indústria, no ano de 1828. Interessante destacarmos que como os primeiros cristãos celebravam a ressurreição de Jesus ao mesmo tempo em que os judeus comemoravam sua Páscoa, vários costumes e símbolos da festa judaica foram incorporados às tradições cristãs. O cordeiro é um exemplo. Presente na Páscoa dos judeus, ele simboliza, para os cristãos o próprio Jesus Cristo, que foi crucificado para pagar os pecados dos homens. Alguns costumes da Páscoa, entretanto, permanecem apenas no Oriente. Na Rússia, por exemplo, há cristãos que se cumprimentam no dia da Páscoa com a saudação: “Cristo ressuscitou”; e a resposta: “Ressuscitou realmente”.

No sábado de Aleluia, os países ibéricos e suas colônias, têm o hábito de fazer a chamada “malhação de Judas”, o apóstolo que traiu Jesus. Apesar de ser uma tradição já ultrapassada e condenada pela igreja católica, também algumas cidades brasileiras ainda a praticam.



O SIGNIFICADO DA PÁSCOA


A palavra Páscoa vem do hebraico, Pessach que, conforme já foi dito, significa “passagem”. Os antigos hebreus foram os primeiros a comemorar a Páscoa. Para eles, historicamente, ele celebra a libertação do povo hebreu da escravidão do Egito. Livres, passaram a formar um povo com uma religião monoteísta. É com o sentido de libertação que, até hoje, os judeus celebram esta festa. Os cristãos também a comemoram. No entanto, sua origem é diferente no cristianismo apesar de ele ter se originado numa Páscoa judaica. Nela, celebra-se a ressurreição de Jesus Cristo que, segundo a Bíblia, ocorreu três dias depois da crucificação, durante a Páscoa judaica. É a principal festa do ano litúrgico cristão e, provavelmente, uma das mais antigas, pois surgiu no início do cristianismo. Ainda que todos os domingos do ano sejam destinados, pelas igrejas cristãs no mundo à celebração da ressurreição de Cristo (o que na igreja católica é feito através da celebração da eucaristia, nas missas), no domingo de Páscoa esse acontecimento ganha um destaque festivo especial.

A Páscoa é uma data móvel que acontece anualmente entre os dias 22 de março e 25 de abril. Como no hemisfério Norte esse período coincide com a chegada da primavera, o Pessach também é a festa do início da colheita dos cereais e da chegada da nova estação. É comemorada no primeiro domingo após a lua cheia do equinócio de março, ponto da órbita da terra em que se registra uma igual duração do dia e da noite. Mas há um modo bem mais prático de sabermos quando é domingo de Páscoa: basta contarmos quarenta e seis dias a partir da Quarta-feira de Cinzas. A Páscoa cristã é antecedida pela quaresma, período que dura quarenta dias entre a Quarta-feira de Cinzas e o Domingo de Ramos, que ocorre uma semana antes da Páscoa. Os católicos destinavam a Quaresma para fazer penitência, como o jejum, com o objetivo da purificação da alma e de obter o perdão divino pelos erros e faltas cometidos. O que era uma tradição seguida à risca, hoje tornou-se um esquecimento, o que não impediu de ainda existirem uns poucos católicos que a respeitem e cumpram, mas sem exageros ou fanatismos.


A TRADIÇÃO DOS OVOS DE PÁSCOA


A tradição dos ovos decorados chegou à Europa na Idade Média, levada pelos cruzados. Esta prática – pintar ovos para os festivais da primavera – era comum entre egípcios, persas, fenícios, gregos e romanos. Na Polônia e na Ucrânia essa tradição sempre foi levada muito a sério. Há ovos tão bem elaborados que nem podemos considerar mais apenas um ovo, e sim, verdadeiras jóias! Foram criados sob encomenda por um joalheiro russo, Carl Fabergé, que os confeccionou em ouro, prata e pedras preciosas. Estes, quando abertos, revelam pequenas imagens de pessoas, animais, plantas ou prédios e eram dados como presente pelo imperador russo.


CÍRIO PASCAL


O Círio Pascal é uma grande vela cuidadosamente decorada com vários símbolos e sinais que, para os católicos, nas celebrações eucarísticas, representa a figura de Jesus Cristo Ressuscitado. A chama do Círio, acesa, simboliza a luz de Cristo que um dia afirmou a seus seguidores: “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8,12b). Lembra também a coluna de fogo – mencionada na Bíblia, no livro do Êxodo 13,21 – que precedia o povo hebreu na caminhada para a libertação da escravidão do Egito, através do deserto, rumo à Terra Prometida. O Círio tem gravado em sua haste uma grande cruz. Nas extremidades superior e inferior, em sentido vertical, estão escritas as letras gregas Alfa e Ômega (primeira e última letras do alfabeto grego) simbolizando a eternidade de Jesus Cristo, o princípio e o fim, o ontem e o hoje, pois para ele são dedicados o tempo, a eternidade, a glória e o poder pelos séculos sem fim representados pelos algarimos do ano em curso e gravados nos quatro ângulos da cruz. Sobre a cruz são colocados cinco grãos de incenso, simbolizando as chagas de Jesus, causadas por sua crucifixão. Acende-se o Círio Pascal na missa do Sábado de Aleluia, ou Sábado Santo, que precede o Domingo de Páscoa, e em todas as missas dominicais celebradas até o Domingo de Pentecostes.


TRIGO E UVA


Eram os alimentos básicos nas refeições judaicas. Simbolizam também o trabalho cooperativo dos homens: um semeia, outro colhe, outro mói, outro coze. Porém, o maior significado destes símbolos, para os cristãos, é decorrente do pão e do vinho que, usados por Jesus em sua última ceia com os seus discípulos, foram por ele assumidos como seu Corpo e Sangue, o que transformou estes alimentos no sacramento da eucaristia: “Tomai e comei, isto é meu corpo”. Depois, tomou um cálice e, dando graças, deu a eles dizendo:” Bebei dele todos, pois isto é meu sangue, o sangue da Nova Aliança, que é derramado por muitos para a remissão dos pecados”. Mt 26, 26-28


CORDEIRO PASCAL


Mais um símbolo forte, herdado do povo hebreu que, ao sair do Egito, orientado por seu líder Moisés, recebeu de Deus a ordem de, a cada ano, na lua cheia da primavera, fazer uma reflexão em família, tendo como prato principal, o cordeiro, cujo sangue seria utilizado para marcar os umbrais das portas de suas moradas e assim livrar seus antepassados da morte, além de a carne lhes servir de sustento na longa caminhada através do deserto. O Cordeiro para eles significava o “ Deus que tirava o pecado do mundo”. Jô 1, 29.

Jesus posteriormente assumiria para si este sinal identificando-se como o único e verdadeiro Cordeiro de Deus, que com seu Sangue derramado na cruz libertaria a humanidade das conseqüências de seus pecados, e pela Eucaristia se faria alimento espiritual para o povo cristão, neste peregrinar de volta ao Pai.


CRISTÓS


Este é um dos mais antigos símbolos de Cristo, muito usado pelas primeiras comunidades cristãs. Consistia nas duas primeiras letras da palavra “CHRISTUS” (em grego, CRISTOS); entrelaçadas e cercadas de uma grinalda de louros (Triunfo de Cristo)


PEIXE


Logo a pós a crucifixão de Jesus e nos primeiros séculos do cristianismo, os cristãos sofreram violentas repressões por parte dos sacerdotes judeus e das autoridades romanas. Nesta época de perseguições, os cristãos não podiam falar publicamente o nome de Jesus, pois poderiam ser presos e martirizados. Estrategicamente recorreram ao uso da palavra “Peixe”

(ICTUS, em grego) pois cada letra desse vocábulo corresponde à inicial da afirmativa: Jesus Christus Dei Filius Salvator (Jesus Cristo, Filho de Deus Salvador). Em suas casas e nas roupas que usavam, pintavam a figura de um peixe como sinal de sua profissão de fé em Jesus Cristo. Depois de ressuscitado, em uma de suas aparições, Jesus serviu-se de peixe e ofereceu-o aos Apóstolos. Este gesto, associado ao milagre da multiplicação de pães e peixes que alimentou uma multidão de pessoas, ocasionou a oportuna associação do peixe ao tempo Pascal.




Colaboração: Miriam Panighel Carvalho

Texto extraído das minhas anotações do Curso Bíblico administrado pelo Pe. Napoleão dos Anjos Fernandes.

Miriam Panighel Carvalho - www.paralerepensar.com.br/miriampanighel