SINGELA HOMENAGEM (LUGARES DO BRASIL)

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

PARABÉNS PRA MINHA QUERIDA TERRA JOÃO PESSOA-PB POR SEUS 426 ANOS DE HISTÓRIA!

SUA HISTÓRIAA CONQUISTA DO TERRITÓRIO


À época do descobrimento do Brasil a Coroa Portuguesa mantinha um grande e rentável comércio de especiarias com as Índias. Esse comércio desmotivou Portugal a explorar economicamente as riquezas brasileiras até a metade do século XVI, porquanto aqui não encontraram, de início, nem o ouro nem a prata tão valiosos no mercado europeu. Nesse período, piratas navegantes franceses frequentavam o nordeste brasileiro e se davam muito bem com os nativos: trocavam quinquilharias pelo pau-brasil de cuja casca extraiam um pigmento vermelho muito utilizado para colorir tecidos em toda a Europa.

No início de 1574 a jovem filha de Iniguaçu, chefe potiguara, foi aprisionada pelo proprietário do engenho Tracunhaém na capitania de Itamaracá, hoje pertencente ao município de Goiana, em Pernambuco. Os potiguaras, por vingança e insuflados pelos franceses, atacaram e incendiaram o engenho, matando todos os moradores, ato que ficou conhecido como "a chacina de Tracunhaém". O incidente urgiu Portugal para a necessidade de maior controle da região, visando extinguir a presença de franceses em nosso litoral e evitar, no futuro, qualquer possibilidade de ataque indígena à Vila de Olinda e engenhos da região. Em resumo, tornou-se urgente garantir o monopólio do açúcar e o poder econômico da Capitania de Pernambuco, principal centro produtivo da colônia, como também iniciar o avanço sobre as terras ao norte.

Assim, no mesmo ano de 1574, o jovem Rei D. Sebastião resolveu desmembrar a Capitania de Itamaracá, criando a Capitania Real da Paraíba a partir de Igarassu, no sentido norte, até a Baía da Traição. Ocorre que grande parte dessa área era habitada pelos índios potiguaras, povo de índole guerreira, e isso foi um complicador que atrasou em 11 anos a conquista do território. Somente após 5 expedições, e com o apoio dos índios tabajaras, os portugueses conseguiram derrotar os potiguaras, expulsar os franceses e fundar a Cidade Real de Nossa Senhora das Neves[1] no dia 05 de agosto de 1585. A Cidade de Nossa Senhora das Neves foi a terceira cidade fundada no Brasil do século XVI (1501-1600) após Salvador (1549) e Rio de Janeiro em 1565. Apesar de derrotados os valentes potiguaras continuaram a infernizar a vida dos habitantes da cidade até 1599 quando, já sem apoio dos franceses que lhes forneciam suprimentos e sob uma epidemia arrasadora de varíola trazida pelos colonos europeus, foram pressionados a assinar a paz com o governador Feliciano Coelho de Carvalho e se retiraram para o norte.

O marco zero de fundação da cidade foi escolhido 18 Km acima da embocadura do Rio Paraíba, numa colina que domina todo o atracadouro na margem direita do Rio Sanhauá, afluente do Paraíba. Além do cuidado com a defesa da povoação o local visava facilitar o comércio e o apoio militar à vizinha Capitania de Pernambuco. A povoação, por estar sob domínio da União Ibérica[2] desde 1580, teve as primeiras ruas edificadas dentro de uma geometria de traçados regulares, como vemos na gravura abaixo, obedecendo aos padrões encontrados nas demais colônias espanholas do continente americano, o que diferia das povoações fundadas pelos portugueses.

Aos interessados em saber detalhes sobre a saga da fundação da cidade, disponibilizamos o "Sumário das Armadas", documento com 50 páginas apresentado à Corte de Filipe II pelo jesuíta Cristovam de Gouvea, Padre Visitador da Companhia de Jesus de toda a Província do Brasil. O documento é uma verdadeira certidão de nascimento da cidade.




OS NOMES


1585
Cidade Real de Nossa Senhora das Neves, foi o nome escolhido quando da sua fundação, no dia 5 de agosto, em homenagem ao santo do dia.

1588
Filipéia de Nossa Senhora das Neves em homenagem ao Rei Filipe II da Espanha, durante o período em que a Coroa Portuguesa foi incorporada à Coroa Espanhola (União Ibérica 1580-1640).

1634
Friederickstadt (Cidade de Frederico) ou Frederica em homenagem ao príncipe de Orange, Frederico Henrique de Nassau, durante os 20 anos de ocupação holandesa no nordeste brasileiro.

1654
Cidade da Parahyba ao iniciar o período de restauração após a expulsão dos holandeses do nordeste brasileiro.

1930
João Pessoa numa homenagem ao político João Pessoa de Albuquerque, paraibano de Umbuzeiro, então presidente do Estado da Paraíba, assassinado na cidade de Recife em julho de 1930.




NOTAS

Filipéia x Felipéia - o nome Filipe (em espanhol) é grafado como Felipe na língua portuguesa. Daí encontrarmos, em alguns documentos, o nome da cidade grafado, também, como Felipéia.


A morte de João Pessoa é considerada o estopim da Revolução de 1930. Entretanto, para muitos, o fato não teve motivação política, porquanto o advogado João Dantas, o assassino, tivera seu escritório invadido pela tropas governamentais e que estas, conforme jornais da época, vazaram para a imprensa local as suas cartas amorosas de um romance com a professora Anayde Beiriz. Nada se provou, até agora, se a invasão fôra ordenada diretamente pelo Presidente ou por servidores a si mais aproximados, no intuito de municia-lo. Há, inclusive, quem afirme que essas cartas jamais existiram posto que jamais foram encontradas. Para a história só ficou o que foi noticiado nos jornais.


OS NATIVOS



"Em toda esta província há muitas nações de diferentes línguas, porém uma é principal que compreende algumas dez nações de índios: estes vivem na costa do mar e em uma grande corda do sertão, porém são todos estes de uma só língua (...) os primeiros desta língua se chamam Potiguaras, senhores da Paraíba, 30 léguas de Pernambuco, senhores do melhor pau do Brasil e grandes amigos dos Franceses, e com eles contrataram até agora, casando com eles suas filhas; mas agora na era de 84 foi a Paraíba tomada por Diogo Flores, General de Sua Majestade, botando os Franceses fora, e deixou um forte com cem soldados, afora os portugueses, que também têm seu Capitão e Governador Frutuoso Barbosa (...). Perto destes vivia grande multidão de gentio que chamavam "Viatã", destes já não há nenhun, porque sendo eles amigos dos Potiguaras e parentes, os portugueses os fizeram entre si inimigos, dando-lhos a comer, para que desta maneira lhes pudesse fazer guerra e tê-los por escravos (...) e os cativaram e mandaram barcos cheios a vender a outras capitanias." - - - (extraído do texto "Tratados da terra e gente do Brasil, p201-202", escrito entre 1583 e 1601 pelo Padre Jesuíta Fernão Cardim nos anos seguintes à sua chegada ao Brasil, quando desempenhou o cargo de secretário do Padre Visitador Cristóvão de Gouveia).

Os índios potiguaras (potiguar/pitiguar, na língua tupi pode ser traduzido como comedor de camarão) eram os primitivos habitantes do litoral da Paraíba na época do descobrimento do Brasil. Viviam desde o delta do Rio Paraíba[1] até a Baía da Traição e terras para leste subindo o rio Mamanguape até a Serra do Copaoba (região dos atuais municípios de Caiçara, Belém, Serra da Raiz e Pirpirituba) e parte do vizinho estado do Rio Grande do Norte. Eram guerreiros muito ferozes que mantinham o hábito de, após as batalhas, assar e comer os inimigos capturados, o que aterrorizou sobremaneira os portugueses. Conviviam bem com franceses e holandeses que aportavam a costa paraibana porque esses mantinham apenas uma relação mercantilista. Ao contrário, odiavam os portugueses porque a produção do açúcar no nordeste (principal fonte econômica da colônia) exigia muita mão de obra escrava. Então os portugueses aprisionavam indígenas para suprir a falta de escravos. Resistiram bravamente durante mais de uma década às forças portuguesas para a fundação da cidade. Após a derrota para a aliança entre portugueses e tabajaras eles foram quase exterminados por sucessivos ataques de varíola, a partir de 1597, quando, gradualmente, se retiraram para o Ceará e interior do Maranhão. Hoje, na Paraíba, existem 29 aldeias potiguaras[2], perfazendo acima de 13.500 índios (2007) distribuídos nos municípios de Baía da Traição, Marcação e Rio Tinto. Existem, ainda, grupos remanescentes no interior do Ceará.

Os índios tabajaras, "... oriundos da bacia do Rio São Francisco, chegaram em 1584 após batalhas e perseguições sofridas por aquelas bandas," cf José Octávio de Arruda Mello em sua "História da Paraíba - Lutas e Resistência". Os tabajaras tinham uma certa experiência no convívio com os portugueses desde quando, na Capitania da Bahia, lhes auxiliaram em lutas e até mesmo na captura de outros indígenas para trabalhos forçados. Mas era uma relação do tipo "um olho no gato e outro no peixe" pois também tiveram muitos da sua tribo capturados e mortos pelos "perós", como os chamavam. Em 1585 entraram em desentendimento com os potiguaras. O fato ensejou um acordo de Piragibe (Braço de Peixe), principal dos tabajaras, com o capitão João Tavares, possibilitando a união de forças que resultariam na derrota dos potiguaras e a tomada do seu território. Ao se estabelecerem na região, ocuparam todo o baixio da margem direita do Rio Sanhauá, onde atualmente está o bairro da Ilha do Bispo. Hoje, na Paraíba, encontram-se alguns descendentes em grupos sem qualquer identidade nos municípios de Alhandra, Conde, Gramame e Santa Rita.

Os índios tarairiús se agrupavam em 22 grandes tribos no interior do Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba. Segundo José Elias Borges Barbosa (professor da UFPB e membro do IHGP), "...para a conquista do sertão os portugueses foram invadindo as terras ocupadas pelos tarairiús. A guerra contra os tarairiús começou nos anos 1630 e se estendeu até 1730, uma guerra de cem anos. Foi a maior guerra indígena do Brasil. Como eles estiveram ao lado dos holandeses nas batalhas contra os portugueses foram praticamente execrados, considerados selvagens e foram desprezados." Que se saiba, existem, ainda, cerca de 3.000 índios tarairiús em Pernambuco, na serra de Ororubá, próximo à cidade de Pesqueira, com o nome de Sucurus ou Xucurus. São remanescentes das tribos da Paraíba e Rio Grande do Norte.


AS ORDENS RELIGIOSAS


Além de muito prestigiada, a Igreja Católica era a guardiã da sociedade patriarcal e religiosa praticada no Brasil colônia e império. Após 40 anos da fundação a cidade tinha cerca de 80 casas, 3 igrejas e 3 conventos o que, pela proporção, dá par se notar o valor da Igreja durante a colonização. Aliás, alguns pesquisadores aventam o fato de a Coroa Portuguesa ter usado a Igreja como a mais importante ferramenta utilizada em seus interesses na "terra brasilis". Até porque o "padroado" favorecia a Coroa Imperial: nas terras descobertas o Rei podia autorizar ou obstruir o trabalho dos religiosos como bem lhe prouvesse. Citando o Pe. Manoel Medeiros (IHGP): "A igreja católica no Brasil, portanto, na Paraíba, tinha dois governos. Um canônico, com o Papa e os Bispos à frente, e outro imperial, com os reis de Portugal e depois do Brasil, que também era o Grão Mestre da Ordem Militar de Cristo,[1] no seu comando. Quem comandava a Igreja era o rei de Portugal, era o rei do Brasil (Reino Unido) e era o Imperador do Brasil. Isso durou até a República, quando houve a separação da Igreja do Estado. Foi um Deus nos acuda, mas foi um grande benefício para a Igreja, por que ela se sentiu livre".

As ordens religiosas dispunham de muitas propriedades, engenhos e escravos. O Tribunal do Santo Ofícío, durante a Inquisição, autorizou em 1595 a primeira visitação na Paraíba. Dezenas de pessoas foram penalizadas. O processo foi tão rigoroso que chegou a confiscar os bens do Padre João Vaz de Salem, homem muito rico, influente e também vigário da freguesia de Nossa Senhora das Neves. A partir do século XVIII as famílias mais abastadas e os representantes da classe dominante aprenderiam que o fato de se ter um padre na família era fator muito importante nas disputas pelo poder.

Os jesuítas foram os primeiros missionários que chegaram à Capitania da Paraíba. No final de 1588 iniciaram a construção de um convento e uma igreja dedicados a Nossa Senhora de Nazaré do Almagre[2]. Seus interesses conflitaram com os interesses da Coroa Portuguesa e foram expulsos da capitania em 1593. Em 1708 os jesuítas voltaram à Paraíba fundando um colégio onde ensinavam latim, filosofia e letras. Em 1745 o Padre Gabriel Malagrida aqui instalou o primeiro seminário para formação de padres diocesanos nas terras brasileiras. Contudo, em 1773 a congregação foi novamente expulsa da colônia em função da política de perseguição do Marquês de Pombal, ministro plenipotenciário do reinado de D. José I. O prédio do seminário passou a ser residência oficial do Ouvidor-Geral da capitania com a permissão do Papa Clemente XIV. Saiba mais sobre os jesuítas.

Os franciscanos estabeleceram-se na Capitania da Paraíba em 1589, convidados pelo Capitão-Mor Frutuoso Barbosa. Iniciaram, no mesmo ano, a construção do Convento de Santo Antônio, em taipa (madeira entrelaçada e barro), visando infraestruturar a Ordem para a catequese dos indígenas, o que fariam sob disputa ferrenha entre jesuítas e beneditinos. Retomaram melhorias no prédio do convento (usando pedra e cal) e iniciaram a construção da igreja de Santo Antônio (erronea e normalmente chamada igreja de São Francisco) que faz parte do conjunto hoje denominado "Centro Cultural São Francisco", considerado uma verdadeira jóia da arquitetura barroca nas Américas. O Centro Cultural é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional-IPHAN. Durante a ocupação holandesa o convento foi utilizado como residência do governador e casa de apoio para militares de altas patentes. Saiba mais sobre os franciscanos.

Os beneditinos após criarem abadias em Salvador (1581), Rio de Janeiro (1586) e Olinda (1590), chegaram à cidade de Filipéia de Nossa Senhora das Neves em 1596 e deram início às obras do Mosteiro de São Bento. Em 1721 iniciaram a construção da igreja que fica ao lado do convento. O conjunto tem estilo sóbrio mas harmonioso e imponente. O mosteiro foi desativado em 1921 e seu prédio tem sido locado para o funcionamento de instituições educativas. O Conjunto Beneditino é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e fica na Rua General Osório, perto da catedral. Saiba mais sobre os beneditinos.

Os carmelitas aqui se instalaram em 1588. Construíram um convento, a igreja de Nossa Senhora do Carmo e a capela de Santa Tereza D'Ávila, formando o Conjunto Carmelita em estilo barroco-rococó situado na parte mais alta da cidade. Num promontório ao largo da fóz do Rio Paraíba (hoje município de Lucena) contruíram a igreja de Nossa Senhora da Guia e um hospício, denominação dada aos hospitais religiosos no Brasil colônia. A Igreja da Guia é classificada como peça exemplar da arquitetura barroco-tropical em vista dos maravilhosos entalhes em pedra calcárea representando os frutos e a flora da nova terra. Não se tem muito sobre a Ordem porque durante o domínio holandês (1634 a 1654) os frades tentaram proteger seus documentos enterrando-os. Anos depois, grande parte dos documentos não foi encontrada e alguns estavam impróprios para a leitura. Saiba mais sobre os camelitas.

A Igreja Cristã Reformada (Igreja Protestante Calvinista nos Países Baixos) tentou se estabelecer no Brasil-colônia no Rio de Janeiro (1557-1558) através dos franceses e depois em Salvador (1624-1625) com os holandeses. Como uns e outros foram derrotados nessas capitanias, somente a partir de 1630, com a ocupação holandesa no nordeste do Brasil, houve condição para que fossem criadas suas congregações, estruturadas sob o Sínodo do Brasil[3]. Durante a ocupação holandesa (1630-1654) o nordeste chegou a ter 22 igrejas protestantes. Apesar de proclamarem a liberdade religiosa[4] para os vencidos, na prática existia apenas tolerância, a exemplo do que, em 1638, foram proibidas as procissões e todas as manifestações externas de culto católico, assim como a proibição do casamento católico sem a licença da Igreja Reformada, a bênção dos engenhos por padres e a extrema-unção, por padre, dada a portugueses condenados à morte. Cf. Mário Neme em "Fórmulas políticas no Brasil holandês".
A Igreja Cristã Reformada visou, também, a catequese dos índios, aproveitando o trabalho feito pelos padres católicos em aldeiamentos já existentes. Em 1939 existiam 21 aldeiamentos no nordeste holandês, dos quais, 7 na Paraíba. A evangelização indígena contava fortemente com o apoio do Estados Gerais dos Países Baixos, porquanto havia um trabalho paralelo para arregimentar guerreiros contra as tropas portuguesas.



AS IGREJAS
A Igreja de Nossa Senhora de Nazaré do Almagre
é uma estrutura de estilo não muito bem definido erguida pelos jesuítas, entre 1588 e 1591, durante os trabalhos de catequização. Os registros documentais revelam pouco da história desse monumento mas, nota-se que também servia como posto de observação entre o mar e o rio. Suas ruínas encontram-se entre a praia de Intermares e a praia do Poço, em terreno de propriedade particular que sofre ação do Ministério Público e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba, visando regulamentar o uso dos terrenos no entorno das ruínas.
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Igreja da MisericórdiaFoi edificada em 1612 sobre uma primitiva capela edificada no século XVI pelo rico proprietário Duarte Gomes da Silveira. Sofreu várias remodelações mas as paredes externas mantêm o estilo. Foi matriz até 1671, sendo a mais antiga das igrejas em atividade na Paraíba. É um monumento legado pela Santa Casa de Misericórdia e importantíssimo no quadro do patrimônio histórico e artístico paraibano. Fica na esquina da Rua Duque de Caxias com o Viaduto Terceiro Neto. O prédio sofreu trabalhos de restauração (2002-2007) conforme divulgado (leia a matéria aqui) na edição brasileira da Revista Museu.
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Conjunto CarmelitaA Igreja de N.S. do Carmo e Capela de Santa Tereza D'Ávila formam um belíssimo conjunto arquitetônico. No século XVIII o convento que aí existia foi demolido para a construção da residência do bispo D. Adauto de Miranda Henriques. Situa-se na Praça D. Adauto, no início da Rua Visconde de Pelotas.
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Centro Cultural São Francisco
Compreende o Convento e a Igreja de Santo Antônio[5] com a fonte e o relógio de sol; a Capela de São Francisco construída na lateral; cruzeiro frontal em pedra calcárea e adro com passagens da Via Sacra adornado com azulejos portugueses do século XVIII. O conjunto é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional como relíquia da arquitetura barroca no Brasil. Fica na confluência da Rua D. Ulrico com a Duque de Caxias. Ver acesso principal
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Conjunto BeneditinoApós se instalarem em Salvador (1581), Rio de Janeiro (1586) e Olinda (1590) os beneditinos chegaram à cidade de Filipéia em 1596 e iniciaram as obras do Mosteiro de São Bento, também conhecido como Mosteiro do Calvário (Nóbrega,1982). Em 1721 iniciaram a construção da igreja que está ao lado do convento. O conjunto tem arquitetura de linhas sóbrias e harmoniosas. O mosteiro foi desativado em 1921 e sua área tem sido alugada para instituições de ensino. O Conjunto Beneditino fica na Rua General Osório, perto da catedral.


NOTAS
[1]
A Ordem Militar de Cristo foi a sucessora portuguesa da Ordem dos Templários que formou verdadeiros monges-soldados, acumulou muita riqueza, tornou-se poderosa e atraiu a inveja de muitos reis, sendo dissolvida pelo papa Clemente V. # A Ordem de Cristo foi criada com autorização papal em 1319 por D. Diniz, rei de Portugal. Muito rica e poderosa, financiou várias expedições marítimas dos portugueses, inclusive a que trouxe Cabral ao Brasil. Seu símbolo (uma cruz grega branca sobreposta a uma cruz patée vermelha) estava pintado em todos os barcos da esquadra. # O rei detinha o título de Grão Mestre da Ordem Militar de Cristo, cargo que implicava no controle das finanças de tudo o que se arrecadava em nome da Igreja com a denominação de dízimo.
[2]
Do árabe al-magrâ: barro vermelho muito utilizado nas construções. # Almagre era o antigo nome da faixa litorânea que compreende atualmente as praias de Intermares e Poço, em vista da barreira de corais ali existente. A palavra era usada pelos colonos espanhóis e portugueses referindo-se às pedras avermelhadas encontradas nos bancos de corais da costa do nordeste do Brasil. # Os indígenas chamavam essa pedra de itapitanga/tapitanga, sendo, desde aqueles tempos, um ponto de referência para a pesca, pois em volta dela sempre há peixes se alimentando. # Não raro se vê, ainda, esse tipo de pedra usada como contra-piso ou complemento de parede nas palhoças e habitações de aldeias pesqueiras no litoral da Paraíba. Recentemente, em visita ao Santuário de N.S. da Guia (Lucena), constatei o uso da tapitanga nos alicerces de paredes e calçadas que circundam a igreja.
[3]
A Igreja Cristã Reformada "era organizada sobre o trabalho de capelania dos Dominees (Pastores), organizando-se o seu Presbitério na Classe do Brasil (chamada a partir de 1640 de Classe Brasiliana) ou Sínodo do Brasil. A Igreja Reformada no Brasil holandês atingiu alto grau de organização; contudo o sistema de organização não funcionou como esperado. As igrejas locais não aceitavam o domínio político em seus concílios, sem falar nas imensas dimensões do território, que inviabilizavam as reuniões periódicas dos líderes reformados, dificultando o funcionamento do Presbitério organizado." cf trabalho do Prof. João Henrique dos Santos, da Universidade Gama Filho.
[4]
A circular de 25 de dezembro de 1634, distribuída pelos invasores aos habitantes da cidade de Filipéia foi a base do Pacto da Paraíba, acordo afiançado pelo Governo de Recife, em nome dos Estados Gerais, e posteriormente estendido por Maurício de Nassau às demais capitanias sob sua administração. Entre outros parágrafos, dizia: “Em primeiro lugar, nós vos deixaremos livre o exercício de consciência do mesmo modo como o tendes usado antes, freqüentando as igrejas e praticando os sacrifícios divinos, conforme os seus ritos e preceitos, não roubaremos as vossas igrejas nem deixaremos roubar, nem ofenderemos as imagens nem os padres nos atos religiosos ou fora deles." cf Mário Neme, 1971.
[5]
- A Igreja de Santo Antônio, no início do século XX, sofreu reformas onde cobriram com tinta azul as cenas dos milagres de Santo Antônio e realçaram o medalhão central com a imagem de São Francisco. O equívoco só foi corrigido com a restauração feita pelo IPHAN em 1989 mas, sendo a igreja uma propriedade da Ordem Franciscana, efetivamente as pessoas continuaram a se referir à igreja como de São Francisco. A Igreja de Santo Antônio dispõe de duas capelas ao lado da nave central: a pequeníssima Capela de São Benedito, utilizada na época apenas por escravos (um por vez) do convento e a Capela Dourada, assim chamada por suas imagens e adornos em madeira com cobertura em ouro.
- A Capela de São Francisco (construída ao lado, com acesso pela igreja de Santo Antônio) é menos rica em detalhes e frequentemente locada para recitais e casamentos.
- Todo esse conjunto é denominado Centro Cultural São Francisco.

O PAU-BRASIL

O pau-brasil é uma árvore de porte médio e crescimento lento da família Leguminosae, encontrada principalmente na Mata Atlântica brasileira entre o Rio Grande do Norte e o sul da Bahia. Seu cerne marrom-avermelhado torna-se dominante somente a partir dos 20 anos de idade.

Durante a colonização, o tipo existente no litoral da Paraíba, pelo clima e composição do solo, era de melhor qualidade do que o encontrado nos demais pontos do litoral brasileiro, conforme trecho da página 6 do "Sumário das Armadas Para A Conquista do Rio Parahiba 1583-1587", relatório enviado à Coroa pelo padre espanhol Christovam de Gouveia, visitador da Companhia de Jesus para toda a Província do Brasil no reinado de Filipe II: "... o pao desta Capitania he o mais e o milhor que se sabe por ser a derradeira deste estado da banda do Norte do qual pao ha nella grandes matas e por ser a milhor mercadoria... o qual he um pao feio avista tem a casca grossa e espinhosa a folha do qual quer parecer de Amieiro he demais importância que o pastel para todas as tintas se darem com elle quase um só pao dar sinco de que a primeira e a segunda são muito escuras a terceira e quarta são as milhores... das outras Capitanias o pao não dá mais que duas tintas. Todo o pao brazil cortando-se arebenta e creçe devagar que pelo menos a mister mais de vinte Annos e ainda não é groço dizem que o pao da Capitania do Parahiba he a mercadoria mais de lei que por todas as outras por não padecer corrução de tempo nem de água antes a do mar ou a fina. Na boca he doce quase como o alcaçuz, por respeito deste pao tratarão e procurarão tanto os franceses permanecer nella o dito parece que basta por hora quanto a esta Capitania do Parahiba..."
(Ler texto completo do Sumário das Armadas).

A partir de 1750 foi utilizado para a confecção de arcos para violinos violas e assemelhados. Desde então, pela qualidade sonora obtida com seu uso, o pau-brasil substituiu todas as madeiras usadas anteriormente e, até hoje, archetários e músicos não encontraram outra madeira que se lhe assemelhe. O uso do pau-brasil pelos archetários é feito com a madeira a partir dos 30 anos de idade, quando a rigidez, flexibilidade e densidade lhe dão características para se fazer um arco com curva fixa estabilizada.



A FORTALEZA DE SANTA CATARINA

Fortaleza de Santa Catarina em foto de 1992

Em 1586 - o governo de Frutuoso Barbosa reconheceu a necessidade urgente de se construir um forte para a defesa da Cidade de Nossa Senhora das Neves. Escolheu-se a ponta de terra à margem direita do Rio Paraíba, no local denominado Cabedelo, que significa ponta de areia ou pequeno cabo conforme Câmara Cascudo. O Forte do Cabedelo foi construído em madeira e taipa na parte mais extrema do cabo, dominando toda a embocadura do rio que dá acesso à cidade edificada 18 Km rio acima.

Ver fotos aéreas da região em 2002: vista do rio
vista do mar

Em 1592 - é reconstruído (fôra destruído pelos potiguaras no ano anterior) e denominado Forte de Santa Catarina. Não há certeza se em homenagem a D. Catarina Duquesa de Bragança, aspirante preterida ao trono português, ou à santa do dia como era costume. O certo é que a capela interna é dedicada a Santa Catarina.

Em 1597 - teve seu primeiro teste de resistência. Uma armada francesa (13 navios) com planos para afirmaçao de novas bases na costa brasileira desembarcou 350 homens e investiu contra o forte que contava com um minguado grupo de 20 soldados, um capitão e apenas 5 canhões. A bravura da guarda local conseguiu imprimir, com rapidez, tantas baixas aos invasores que estes puseram-se ao largo com algumas naus em chamas e partiram sem saber que o forte estava praticamente desguarnecido. Aquela foi a última tentativa francesa no sentido de abocanhar um pedaço do nosso território. Varnhagen em sua "História Geral do Brasil" foi o primeiro historiador a apontar e valorizar essa batalha como um marco na manutenção das terras do norte do Brasil.

Em 1601 - conforme Irineu Pinto, o forte tinha um contingente de 25 homens, incluindo o capitão e dispunha de 14 canhões, sendo 3 de bronze. Os canhões eram longos tubos de ferro ou bronze, mal fundidos e sem qualquer aparelho de pontaria; não raro, a peça explodia em vários pedaços matando o operador, como aconteceria com o filho de Duarte Gomes da Silveira, comandante do Forte de Santo Antônio durante o ataque holandês de 1631.

Em 1631 - a primeira grande invasão holandesa ocorreu no dia 03 de dezembro quando a Companhia das Índias Ocidentais (Holanda), partindo do porto do Recife, iniciou um grande ataque à fortaleza com 26 naus e 26 barcaças transportando 1.600 homens. A armada desembarcou em Cabedelo no dia 05 acreditando na tomada da fortaleza sem muita resistência. Tal não ocorreu em vista de o governador Antônio de Albuquerque Maranhão ter melhorado a defesa da fortificação com muralhas e paliçadas. Acrescente-se que, 16 dias antes do ataque, o governador soube, por desertores holandeses, da quantidade de navios e material bélico a serem utilizados no ataque. Isso ajudou no desenvolvimento da defesa das fortificações e reforço do contingente humano. Assim, no desembarque holandês, a defesa da capitania contava com cerca de 700 homens, entre brasileiros, portugueses e espanhóis, mais inúmeros índios. O cerco à fortaleza durou 6 dias, com lutas de assalto e corpo-a-corpo, após o que os invasores bateram em retirada. Van Waerdenburch, governador do Recife, em carta ao Conselho dos XIX relata baixas de mais de 200 homens entre mortos e feridos.

Em 1634 - no dia 4 de dezembro o reconhecimento da costa entre o Cabo Branco e a enseada de Lucena foi feito por um barco-batedor holandês; o barco foi visto pelas tropas defensoras mas estas acreditaram ser um barco amigo e nada fizeram contra ele. Na mesma manhã o general Van Schkoppe comandou uma armada com 2354 homens, em 29 naus com 500 canhões, desembarcando 600 homens na enseada do Bessa, os quais varreriam toda a praia na direção norte até Cabedelo; enviou 3 navios para a enseada de Lucena e iniciou um ataque frontal à fortaleza que, juntamente com os fortes de Santo Antônio e São Bento, formava o tripé de defesa da fóz do Rio Paraíba e canal de acesso à Cidade de Filipéia.
- dia 9, o cerco holandês continuava forte mas encontrava grande resistência. Aproveitando a obscuridade da madrugada, 2 barcos com 400 homens e 48 canhões atacaram o Forte de São Bento, na Ilha da Restinga, acabando com o ponto de apoio no abastecimento de alimentos e munição à fortaleza pelas forças de defesa da cidade. O Forte de São Bento contava com apenas 2 canhões e 40 homens. Destes, 8 escaparam e "32 espanhóis e portugueses foram passados a fio de espada", segundo o historiador Petrus Marinus Netscher.
- dia 10, o experimentado e combativo João de Matos Cardoso, há 40 anos comandando a fortaleza, é ferido e posto fora de combate com uma bala de mosquete no queixo. A situação começa a piorar devido a muitas baixas sofridas com os ataques sistemáticos de bombas incendiárias lançadas pelos invasores a partir desse dia.
- dia 14, partem do Forte de Santo Antônio 4 chalupas (pequenos barcos) sob fogo cruzado, levando mantimentos e munição para a fortaleza que continuava sitiada. A ação, muito arriscada, revelou ato heróico dos irmãos açorianos Antônio e Francisco Peres Calháu que, mesmo muito feridos (Antônio teve o braço direito arrancado por uma bala) continuaram pilotando o barco e conseguirram atravassar o canal, registrando-se 6 mortos, 10 feridos e 1 barco afundado, como é citado pelo historiador Irineu Pinto em "Heroismos de Cabedelo", Rev.IHGP, ano XV, vol. V.
- dia 18, a situação na fortaleza piorara ainda mais pelo grande número de feridos sem tratamento, e já há 3 dias com racionamento de alimento e munição. Os invasores tiveram informações inexatas de que uma grande armada espanhola estaria vindo em socorro da cidade e tentaram antecipar a tomada final da fortaleza. Enviaram, então, emissários propondo uma rendição mas a proposta não foi aceita pelos sitiados, mesmo conscientes de que não aguentariam o próximo assalto. Os holandeses, então, recrudesceram os ataques de artilharia e bombas incendiárias.
- dia 19, um Conselho reunido na fortaleza decidiu que continuar a luta era condenar à morte todo o resto da guarnição. Propuseram um armistício para negociações sobre a rendição.
- dia 20, a Fortaleza de Santa Catarina capitulou sob os termos:

1- a guarnição deixaria o reduto com as bandeiras desfraldadas;
2- a guarnição levaria suas armas, morrões acesos e toda a sua
bagagem;
3- os capitães escolheriam 120 homens para ficar no Brasil;
4- o pessoal restante seria embarcado para as Antilhas em navios
holandeses.

- dia 23, caiu, também, o Forte de Santo Antônio.
- dia 24, os invasores entraram na Cidade de Filipéia de Nossa Senhora das Neves.

Em 1645 - as tropas do capitão Lopo Curado Garro retomaram a cidade de Filipéia. Os holandeses, entretanto, mantiveram sob controle a Fortaleza de Santa Catarina e ali permaneceram, praticamente sitiados, durante os últimos 9 anos de permanência na Paraíba. A fortaleza lhes serviria apenas de ponto de apoio militar durante as lutas contra a resistência da Capitania de Pernambuco, que continuou sob seus domínios até 1654.

Ver mapa tático holandês para a tomada da fortaleza em 1634.

Ver a Fortaleza no Google Maps.


A CIDADE SOB O DOMÍNIO HOLANDÊS


No final do século XVI a Holanda[1] já surgia como uma potência dos mares, chegando, em meados do século XVII, a ter a maior frota mercante do mundo.

Os holandeses mantinham intensa relação com Portugal e suas colônias, especialmente com o nordeste brasileiro, onde participavam de todo o ciclo da indústria açucareira: implantação de engenhos, financiamento de insumos e mão-de-obra até a comercialização na Europa. Chegaram a manter usinas de beneficiamento de açúcar em Amsterdam, para onde levavam o açúcar grosso que era taxado com valor bem abaixo do açúcar branco. Assim, detinham conhecimentos e estrutura suficientes para concorrer nesse comércio com os portugueses. Em 1580, com a anexação de Portugal à Coroa Espanhola, toda essa atividade foi suspensa por Filipe II da Espanha que combatia o movimento pela independência dos neerlandeses.

Para retomar o mercado os holandeses criaram em 1621 a Companhia das Índias Ocidentais (West-Indische Compagnie), formada em grande parte com apoio financeiro dos cristãos novos[2] através da Câmara de Comércio de Amsterdam. A WIC patrocinaria, então, invasões ao Brasil visando monopolizar não somente o comércio açucareiro como também o de escravos, pois a idéia era controlar todo o tráfego marítimo do atlântico sul. Em 1624 invadiram a cidade de Salvador, capital da colônia, onde permaneceram por um ano até serem expulsos pela esquadra de Fradique Toledo Osório. Em 1630, após vários anos preparando nova ofensiva, invadiram a captania de Pernambuco que, por não ser uma capitania com obrigações da Coroa era dotada de pouca proteção militar, o que facilitou a tomada das vilas de Olinda e Recife. A Capitania de Pernambuco esteve sob domínio holandês até 1654.

No início de 1634 a Companhia das Índias Ocidentais divulgou relatório dos delegados no Brasil, Van Ceulen e Johan Gyselingh onde estes informavam "...as praças fortes que ainda restam nesta região são Paraíba e Cabo Santo Agostinho... porque desses dois lugares depende a conquista destas quatro capitanias do norte..." exigindo ações que culminariam com uma segunda invasão melhor estruturada e fariam capitular as defesas da cidade.

Em dezembro de 1634 as forças do general Van Schkoppe, com mais de 2300 homens, sitiaram a fortaleza de Cabedelo durante 19 dias. Após muita resistência, fome, sede e doenças, nossas defesas ruíram. Os holandeses adentraram a Filipéia de Nossa Senhora das Neves e mudaram-lhe o nome para Frederica (Friederickstadt) em homenagem a Frederico Henrique de Nassau, Príncipe de Orange. Para garantir a posse do território logo iniciaram a reconstrução da Fortaleza e confiscaram 19 engenhos da várzea do rio Paraíba.

O Conselheiro Político Servaes Carpentier assumiu o cargo de governador com jurisdição até a Capitania do Rio Grande (do Norte). Seu governo durou apenas 1 ano e teve muitos problemas para administrar pois muitos proprietários antevendo o resultado da invasão abandonaram suas terras após queimar os canaviais e danificar os engenhos. O jovem André Vidal de Negreiros, paraibano que seria mais tarde o grande Mestre-de-Campo da Insurreição Pernambucana, deu o exemplo quando queimou todo o canavial das terras paternas. A Companhia das Índias Ocidentais (WIC) precisava de muita produção para compensar seus investimentos. Então ofereceram anistia, liberdade de culto religioso, manutenção do regime de propriedade e proteção dos negócios aos naturais da terra. A proposta foi aceita por muitos, dentre eles Duarte Gomes da Silveira,[3] natural de Olinda, que era proprietário muito rico e poderoso na Paraíba.

O segundo governador, Ippo Eyssens era arbitrário, fêz um mau governo e em 1636 foi morto numa emboscada preparada pelas tropas do Capitão Rabello, o Rabelinho, quando assistia à farinhada num engenho da várzea do Paraíba. Nessa época os portugueses já iniciavam focos de resistência, arregimentando escravos e índios para assaltos relâmpagos em forma de guerrilhas. Essa forma de combate seria, posteriormente, chamada "guerra brasílica". Os holandeses não tiveram sucesso contra as guerrilhas pois, acostumados ao combate em campo aberto, encontravam muita dificuldade em se mover nas florestas e mangues da periferia. Além disso, era considerável a tremenda desvantagem de um soldado frente a um índio que arremessava 6 flechas enquanto ele municiava seu arcabuz.

Elias Herckmans governou a capitania da Paraíba de 1636 a 1639. Durante o seu governo foi criado um Conselho de Representantes da Cidade, formado por holandeses, portugueses e brasileiros, cujos membros eram denominados escabinos. O Conselho, adotado também por Maurício de Nassau em 1637 quando chegou em Pernambuco, funcionava como uma câmara de vereadores. Herckmans, poeta e geógrafo, escreveu um relatório sobre a capitania intitulado "Descrição Geral da Capitania da Paraíba" ("Generale Beschrjvinge van Capitania Paraíba"), datado de 1639, o qual se tornou a principal fonte de informações sobre a Paraíba durante o domínio holandês. Herckmans foi, talvez, a melhor contribuição holandesa para a cidade.

Gisberk de With sucedeu Herckmans. Deixou a reputação de homem honesto, trabalhador e humano.

Paul de Linge: Foi derrotado em 1645 pelos "Libertadores da Insurreição" e se retirou para a Fortaleza de Santa Catarina em Cabedelo.

Se analisarmos os 11 anos de domínio holandês (1634-1645), veremos que eles em nada contribuíram para o desenvolvimento arquitetônico da cidade. Existia-lhes apenas o interesse pelo comércio lucrativo da cana-de-açúcar. Por serem protestantes calvinistas, sequer concluíram as edificações de igrejas e conventos que ocuparam como séde administrativa e militar. Não construíram residências porque não trouxeram famílias e as tropas permaneciam nos fortes.

Entretanto, introduziram melhoramentos em todo o ciclo da produção açucareira quando instituíram financiamento para as safras com resgate após a colheita; revestiram as moendas (que eram em madeira) com lâminas de metal para diminuir as quebras e aumentar a produtividade; nesse período os engenhos da Capitania da Paraíba exportavam, anualmente, mais de 150.000 arrobas de açúcar; de acordo com o historiador Aécio Villar, citando o economista Celso Furtado, o nordeste brasileiro, durante o domínio holandês, era a região mais rica do mundo: tinha um produto interno bruto 5 vezes maior do que a Inglaterra.

Sob a influência de Maurício de Nassau precuparam-se com o meio ambiente pois, a partir do controle da monocultura da cana-de-açúcar, instituíram o equilíbrio da produção de alimentos obrigando os proprietários de engenhos a plantar covas de mandioca em quantidade proporcional ao número de escravos ou empregados existentes; proibiram a derrubada de cajueiros e iniciaram o controle da derrubada excessiva do pau-brasil, instruindo para o corte de árvores somente acima de 4 anos.



A RESTAURAÇÃO


"Como um dos palcos da guerra de restauração contra o domínio holandês, a Capitania da Paraíba encontrava-se, em 1655, devastada. [...] Para os restauradores paraibanos, que alardeavam terem feito "a guerra por muitos anos às suas custas", os cargos da administração deveriam lhes pertencer como um direito natural de conquista. Os agraciados com os escalões da administração paraibana: na Justiça - exceto o cargo de Ouvidor -, na Milícia e na Fazenda, após o período da restauração holandesa, foram providos como "prêmio", tendo em vista "os merecimentos" pelo reconhecimento ao "sangue derramado" em nome da Coroa, como fiéis vassalos de Sua Majestade. A Fazenda Real paraibana se reiniciava, portanto, como um espólio da conquista."
(Mozart Vergetti de Menezes)

Após a expulsão dos holandeses, em 1645, um triunvirato, formado por Lopo Curado Garro, Jerônimo Cadena e Francisco Gomes Muniz governou a capitania até 1655. A cidade iniciou um período econômico crítico que se prolongaria até a metade do século seguinte. Senão vejamos:

1. A produtividade da capitania ficou praticamente nula em função dos proprietários com finanças desequilibradas, engenhos quebrados e a exaustiva tarefa de replantar os canaviais devastados sem mão de obra escrava suficiente, em vista de muitas fugas terem ocorrido e resultado na formação de quilombos. Em 1658 os senhores de engenho foram agraciados pela Coroa com moratória de 6 anos para pagamento das dívidas.

2. Não bastasse isso, ao se retirarem do nordeste brasileiro os holandeses, que já dominavam todo o ciclo da produção e refino do açúcar, implantaram o sistema nas Antilhas, otimizaram a produção e passaram a exercer forte concorrência no mercado açucareiro mundial, resultando na baixa dos preços praticados pelos engenhos da capitania.

3. O acordo pela Paz de Haia, celebrado por D. Afonso VI em 1661, registrou uma vultosa indenização a ser paga aos holandeses para que estes não retaliassem contra outras colônias portuguesas na África e Oriente. Os fundos provieram do aumento na carga de impostos vivenciados na colônia, com efeito maior sobre os já sacrificados colonos paraibanos.

4. O trabalho para a reorganização da cidade foi prejudicado pela competição entre os restauradores que visavam a primazia pelos cargos administrativos, gerando embates entre famílias rivais que resultavam em longas pendências para o preenchimento dos cargos, porquanto a indicação final demorava pelo menos 6 meses para ser oficializada por "el-Rei d'além mar", com recorrências, dependendo de quem indicava na "corte de cá" e quem desenrolava na Corte de lá.[1]

Visando aumentar a arrecadação de fundos, em 1665 uma Carta Régia determinava que o açúcar produzido na Paraíba fosse embarcado diretamente para Portugal. Posteriormente, para centralizar o controle da arrecadação, nova determinação passou a exigir os embarques pelo porto do Recife. Tal fato prejudicou ainda mais a economia da cidade.[2] Como não havia embarques de açúcar, não havia navios no porto, não havia escoamento da produção... e não havia, também, a entrada de mercadorias normalmente trazidas do reino como o trigo, vinho, queijo, azeite, tecidos e ferramentas. Esses artigos, forçosamente adquiridos no Recife, tornavam-se mais caros. Numa carta de 1722, o capitão-mor João de Abreu Castel e Branco reclamava:

"(...) e assim estão os engenhos tão mal assistidos, que os que em outro tempo fazião em huma safra duzentas caixas de assucar não tiram hoje a quarta parte. E ficando ainda estas sem sahida, se faz cada vez mayor, e mais irremediavel o danno. (...) e por outra não tem tido sahida os ditos gêneros por passarem muitos annos sem que embarquem navios neste porto (...). Daqui nasce huma continua extração da moeda desta capitania para a de Pernambuco a donde he necessario irem buscar com mayor despeza os gêneros de que cá se necessita (...)"[3]

Entenda-se que essa situação era mais contundente na cidade de Parahyba, diferentemente do restante da capitania onde, já no processo de povoamento das terras sertanejas, acentuava-se o poder econômico dos criadores de gado.



A ANEXAÇÃO (1755-1799)


Como resultado da política "pombalina"[4] para reestruturação e modernização dos assuntos fiscais e administrativos do reino, em fevereiro de 1756 o governador Luiz Antônio Lemos de Brito recebeu uma correspondência de "el-Rei" D. José I, decretanto a perda da autonomia da capitania, anexando-a à de Pernambuco:

Dom José, por graças de Deus, Rei de Portugal (...) faço saber a vós, Coronel e Governador da Paraíba que, por se ter conhecido os poucos meios que há na Provedoria da Fazenda da Paraíba para sustentar um governo separado, fui servido, em consulta do meu Conselho Ultramarino, extinguir o dito governo da Paraíba e que, acabado o vosso tempo, fique essa mesma Capitania sujeita ao governo de Pernambuco, pondo-se, na Paraíba, um Capitão-mor com jurisdição e soldo igual ao que tem o Capitão-mor da cidade do Rio Grande do Norte (...) Lisboa, primeiro de Janeiro de mil setecentos e cinquenta e seis...[5].

Em 1759 foi criada a Companhia Geral de Comércio de Pernambuco e Paraíba, com sede no Recife e, consequentemente, beneficiando os comerciantes pernambucanos que já monopolizavam o mercado da região desde a implantação das capitanias. Essa situação perdurou até 1799, quando Fernando Delgado Freire de Castilho, no governo da capitania, em relatório bem elaborado e consubstanciado, defendeu junto à rainha D. Maria I a revisão da "anexação" alegando vários equívocos existentes no parecer do Conselho Ultramarino. A Capitania da Paraíba teve, então, reestabelecida a sua autonomia.


NOVOS ARES DE PROVÍNCIA


O século XIX presenteou-nos com a corrida para a industrialização verificada em terras européias, gerando um aumento desenfreado da população nas grandes cidades e, em consequência, sintomas como o crescente aumento de doenças e epidemias decorrentes da falta de estrutura sanitária então vigente nas grandes metrópoles. A partir de então, os governos passaram a adotar políticas visando a higiene e a prevenção de doenças.

Com a vinda de D. João VI e sua corte para o Brasil (1808-1821) a colônia se descobriu séde do império e viveu sensíveis modificações nos aspectos administrativo e social. O interesse do imperador em melhorar a qualidade de vida para si e sua corte respingava nos provincianos que frequentavam a cidade do Rio de Janeiro, capital do império, os quais levavam às suas regiões uma visão de modernidade antes não vivenciada.

Assim, já em 1830 a Câmara da cidade de Parahyba esboçava um código de normas para uso do espaço urbano e a conduta das pessoas, cuidando para a pintura das casas com cal, a limpeza dos terrenos, das fontes e a remoção do lixo das ruas.

Em 1838 o Lyceu Paraibano contava com 120 alunos e ensinava latim, francês, retórica, geometria, filosofia racional e moral. Em sua fala à Assembléia o Dr. Joaquim Peixoto D'Albuquerque, Presidente da Província, solicitava a "criação de aulas de comércio na qual fosse ensinada a escrituração por partidas dobradas, câmbio, seguro, pesos e medidas".[1] Sua idéia de uma academia de comércio seria concretizada 84 anos depois graças aos esforços do jornalista e educador Coriolano de Medeiros.

Em 1841 o jornal A Regeneração publicou um expediente do Presidente da Província ordenando a Tesouraria da Fazenda a "pagar o aluguel de duas carroças para carregamento do lixo das ruas e autorizando o Chefe de Polícia a utilizar os presos da cadeia no serviço de limpeza das ruas da capital" [2].

Em 1854 a má remuneração dos professores de instrução primária, contratados sem a precisa habilitação, já preocupava o Presidente da Província que propunha à Assembléia um novo concurso, com consequente majoração salarial para os que lograssem sucesso e jubilamento para os que não fossem aproveitados[3].

Ainda em 1854 o jovem Pedro Américo de Figueiredo e Melo, natural de Areia no interior da província, então com 12 anos e já reconhecido como exímio desenhista, foi convidado pela Casa Imperial para viajar ao Rio de Janeiro onde, por ordem expressa do Imperador D. Pedro II, foi matriculado na Academia Nacional de Belas Artes. A cultura brasileira ganhou muito com esse gesto do Imperador.


Grandes Personagens da Cidade de João Pessoa

João R. Coriolano de Meideiros
João Pessoa C. de Albuquerque
Epitácio Lindolpho S. Pessoa
Ariano Vilar Suassuna
André Vidal de Negreiros
Napoleão Rodrigues Laureano
Luiz Ferreira Maciel Pinheiro
Antônio Borges da Fonseca
Lopo Curado Garro



João Rodrigues Coriolano de Meideiros (1875-1974)
Nasceu no sítio Várzea de Ovelha, atual município de Santa Terezinha/PB. Em 1877, fugindo da seca, sua família passou a residir em João Pessoa. Estudou no Lyceu Paraibano e posteriormente cursou até o terceiro ano da Faculdade de Direito de Olinda, em Pernambuco. Foi comerciário, comerciante, educador, jornalista, poeta, ensaísta, historiador, romancista e folclorista. Coriolano de Medeiros deu uma grande e valiosa contribuição à literatura paraibana. Idealista, fundou um curso de matemática na Associação dos Empregados do Comércio da Paraíba, o qual tornou-se o embrião da futura Academia de Comércio Epitácio Pessoa, oficialmente inaugurada em 1921. Coriolano foi sócio fundador do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano e mentor da instalação da Academia Paraibana de Letras, em 1941, sendo seu primeiro presidente. Além de artigos para vários jornais escreveu vários livros, entre eles o Dicionário Corográfico do Estado da Paraíba, em 1914. Encerrou sua carreira de docente em 1948, já sem visão, na Escola Underwood em João Pessoa.


João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque
nasceu em Umbuzeiro, Paraíba, em 24 de janeiro de 1878. Era sobrinho de Epitácio Pessoa, que foi presidente da República de 1919 a 1922. Aos 16 anos entrou para o 27° Batalhão de Infantaria da capital paraibana e no ano seguinte ingressou na Escola Militar da Praia Vermelha, no Rio de Janeiro. Posteriormente foi excluído do Exército por incapacidade física. Em 1903 concluiu o curso de Direito no Recife, ali exercendo a profissão até 1910, quando passou a morar no Rio de Janeiro. Por concurso público trabalhou na Justiça Militar, sendo nomeado, em 1918, auditor da Marinha e, em 1919, ministro do Supremo Tribunal Militar. Por indicação do tio Epitácio Pessoa foi candidato e efetivamente eleito em 1928 como presidente da Paraíba pelo Partido Republicano, mas manteve seu domicílio eleitoral no Rio de Janeiro.
João Pessoa combateu a sonegação de impostos e o mau uso do dinheiro público; restaurou a economia paraibana através de incentivos à agricultura e a indústria; instituiu impostos sobre o comércio entre o interior do estado e o vizinho estado de Pernambuco, visando alavancar a arrecadação fiscal paraibana, o que lhe rendeu inimizades de oligarquias em todo o estado, ocorrendo situações extremas como a rebelião de Princesa Isabel, município paraibano, reduto do ex-aliado José Pereira.
Em março de 1930 foi candidato (derrotado) da Aliança Liberal à Vice–Presidência da República, na chapa encabeçada por Getúlio Vargas em oposição ao Governo Federal. Em 10 de julho de 1930 a polícia invadiu o escritório do advogado João Dantas, seu adversário político, e divulgou através do jornal estatal "A União", numa série de edições, cartas íntimas do advogado e a escritora Anayde Beiriz. No dia 26 João Pessoa foi morto por João Dantas ("sou João Dantas, a quem muito humilhaste") na Confeitaria Glória, na cidade do Recife. O ato foi transformado em tragédia política e fez explodir o movimento revolucionário de 1930.



Epitácio Lindolpho da Silva Pessoa
Nasceu em Umbuzeiro, Paraíba, em 23 de maio de 1865. Advogado e professor pela Faculdade de Direito do Recife, aos vinte e cinco anos de idade revelou-se grande jurista como deputado da Constituinte de 1890. Foi deputado federal em duas oportunidades, ministro da Justiça e Presidente do Supremo Tribunal Federal, procurador-geral da República, três vezes senador e chefiou a delegação brasileira junto à Conferência de Versalhes. Como 12° Presidente da República (1919-1922) e primeiro nordestino nesse cargo, entre suas obras mais importantes citam-se os 1000 km de estrada de ferro no sul do país e a estrutura criada para enfrentar as secas nordestinas, através de mais de 200 açudes construídos. Enfrentou ferrenha oposição no círculo militar ao nomear um civil, o historiador Pandiá Calógeras, como Ministro da Guerra. Ao deixar a presidência foi eleito ministro da Corte Permanente de Justiça Internacional de Haia, na Holanda, exercendo o mandato até nov/1930. Senador pela Paraíba (1924-1930), preocupou-se sensivelmente com as pressões sofridas pelo sobrinho João Pessoa à frente do governo da Paraíba, cujo assassinato, em julho de 1930, o abalou profundamente. A partir de então, abandonou progressivamente as atividades públicas. Como presidente do Supremo Tribunal Federal, Presidente do Congresso e Presidente da República, Epitácio foi o único brasileiro a presidir os chamados Três Poderes Republicanos. Cardíaco e portador do Mal de Parkinson, faleceu em Petrópolis/RJ em fevereiro de 1942.



Ariano Vilar Suassuna, 1927
O escritor e dramaturgo nasceu na cidade da Parahyba, capital do estado, filho de Rita Vilar e João Suassuna que, àquela época, cumpria o mandato de Presidente do Estado. A partir do assassinato do seu pai em 1930, por motivos políticos, toda a família foi residir em Taperoá, cariri paraibano, onde Ariano viveu boa parte da sua infância e teve os primeiros contatos com a cultura popular. A magia do teatro de mamulengos e a profusão cênica insinuada pelo imaginário dos cantadores de viola são a fonte dos seus escritos, entre os quais "O Auto da Compadecida", peça reconhecida e encenada em todo o Brasil e posteriormente adaptada para o cinema e televisão. Ariano Inspirou a criação do Movimento Armorial, o qual visa o incremento do interesse pela música, literatura, teatro, gravura, cinema, cerâmica, dança, pintura, escultura, tapeçaria e arquitetura nordestinas. Ariano, além de advogado, é membro da Academia Brasileira de Letras e também da Academia Paraibana de Letras, tendo se aposentado em 1994 como professor pela Universidade Federal de Pernambuco.


André Vidal de Negreiros, 1606-1680:
o primeiro grande exemplo da combatividade paraibana nasceu no Engenho São João, nas cercanias da cidade de Filipéia de N.S. das Neves. Aos 18 anos alistou-se para lutar contra os holandeses na Bahia (1624), onde sua bravura o fez ser promovido a Alferes aos 19 anos. Após, viveu 8 anos entre Portugal e Espanha, onde obteve os títulos de mestre-de-campo e comandante de terço (tropa). Voltando ao Brasil, diante da iminente tomada da cidade de Filipéia pelos holandeses (1634), insuflou os proprietários da várzea do Rio Paraíba a danificarem o maquinário dos engenhos e queimarem os canaviais para minimizar os ganhos dos invasores, iniciando pelo engenho da própria família. Foi, segundo Varnhagen, "o grande artífice da expulsão dos holandeses de Pernambuco". Durante o conflito, o rei D. João IV tentou armistícios com os holandeses. O valente André oficialmente aceitava os acordos mas, oficiosamente, continuava os combates. Na ocasião, declarou ser preferível subestimar as ordens do rei e ser castigado a compactuar com os invasores. Em 1654 os holandeses foram finalmente derrotados e Negreiros, em reconhecimento pelos feitos como "Mestre-de-Campo" nas duas batalhas dos Montes Guararapes, foi nomeado pela Coroa Portuguesa para governar, sucessivamente, as capitanias do Maranhão, Pernambuco, Estado de Angola e, novamente, Pernambuco. Faleceu na Vila de Goiana, Capitania de Pernambuco. Em testamento, dividiu suas terras e propriedades entre seus serviçais e escravos.


Napoleão Rodrigues Laureano, 1914-1951:
nascido em Natuba, município paraibano, diplomou-se em medicina em 1943 e especializou-se em cirurgia do câncer no antigo Serviço Nacional do Câncer, no Rio de Janeiro. Com consultório e domicílio em João Pessoa, onde foi eleito vereador em 1949, licenciou-se da Câmara pois descobriu estar com um câncer no maxilar e viajou aos Estados Unidos tentando um tratamento que, naquela época, se mostrava sem chances, porquanto o diagnóstico lhe apontava poucos meses de vida. Sentindo a dificuldade para a detecção e tratamento da doença no estado da Paraíba, Napoleão encetou uma campanha para a construção de um hospital em João Pessoa. Com a doença lhe corroendo o corpo - mas não os ânimos - conseguiu, por meio de rádios e jornais de vários estados, arregimentar multidões em prol da campanha cujo discurso feito no Rio de Janeiro tornou-se uma bandeira da luta pelo seu objetivo:
"Ilustres Senhores, ninguém poderá duvidar das minhas intenções, pois condenado como estou pela medicina, nada pretendo para mim. Profissionalmente me faltarão as forças necessárias para qualquer iniciativa. Assim, não peço para mim, mas para meus patrícios, para milhares de brasileiros que, pelo interior, são vítimas do mesmo mal que me acometeu..."
A campanha concretizaria, através de doações, a Fundação Napoleão Laureano e o início das obras do hospital que leva seu nome. Esse grande paraibano faleceu em maio de 1951, em tratamento no Rio de Janeiro. Graças à sua atitude humanista criou-se uma nova consciência de apoio à luta contra o câncer no Brasil. O Hospital Napoleão Laureano continua sendo, ainda hoje, uma referência nacional no tratamento do câncer.


Luiz Ferreira Maciel Pinheiro, 1839-1889:
jornalista e poeta, abolicionista convicto e republicano fervoroso, demonstrou a grandeza dos seus ideais ao abandonar o quarto ano de Direito para se alistar como voluntário para lutar na Guerra do Paraguai (1864-1870). Sua bravura foi cantada em versos pelo poeta Castro Alves, que o chamava de "peregrino audaz". Após a guerra terminou o curso, foi promotor e juiz de direito. Seu idealismo e dignidade o fizeram renunciar à magistratura em 1886 por sofrer perseguições como abolicionista e republicano. Morreu no Recife 6 dias antes de proclamada a república.


Antônio Borges da Fonseca, 1808-1862:
paraibano de Campina Grande, é tido como o primeiro jornalista paraibano ao fundar, aos 20 anos, o jornal "A Gazeta Paraibana". Junto com Joaquim Nabuco foi uma referência nacional contra o monarquismo. Lutou incansalvelmente contra o Império, razão pela qual era conhecido como "o inimigo do Rei", defendendo a autonomia das províncias nos 25 jornais que fundou e redigiu na Paraíba, Pernambuco e Rio de Janeiro. Participou ativamente do movimento de 6 de abril de 1831, que terminou com a abdicação de dom Pedro I na madrugada seguinte. Foi preso muitas vezes em razão dos seus ideais. Participou de vários movimentos ocorridos em Pernambuco na segunda metade do século XIX, sendo um expoente da Revolução Praieira, ocasião em que redigiu o famoso "Manifesto ao Mundo" onde, entre outros ítens, exigia o voto livre e universal do povo brasileiro, a plena liberdade de comunicar os pensamentos pela imprensa e o trabalho como garantia de vida para o cidadão brasileiro. Certa feita, enquanto os praieiros estiveram no poder (1845-1848), Fonseca entrou no bairro Santo Antônio em meio a uma artilharia pesada de 400 homens em luta, subiu num chafariz e bradou em prol das forças do governo revolucionário. Ele saiu ileso do tiroteio. Ocasionalmente não teve constrangimento em divergir dos correligionários, acusando-os de traição aos ideais revolucionários e servilidade à Coroa, denunciando tudo o que considerava incorreto ou desonesto. Toda a sua vida foi dedicada à luta em benefício do povo.


Lopo Curado Garro
“Lopo Curado Garro é natural da cidade da Parahyba e um dos três governadores da aclamação da liberdade pernambucana naquela capitania, a natureza o ornou de talento perspicaz e de intrépido valor, com a espada e com a pena triunfou dos inimigos da pátria, alcançando pelas suas proezas fama perdurável e nome eterno” assim se expressou o beneditino D. Domingos de Loreto Couto. Não se tem muito sobre o grande capitão que liderou as tropas contra os holandeses, expulsando-os da cidade de Filipéia em 1645. Lopo Garro foi escolhido por João Fernandes Vieira e André Vidal de Negreiros, entre os homens nobres, fiéis e destemidos da paróquia, recebendo a patente de capitão, depois elevado a Governador da Restauração e da capitania da Paraíba, juntamente com Jerônimo de Cadena e Francisco Gomes Moniz, triunvirato que governou a capitania no período 1645-1655 cf José Otávio Mello citando o pesquisador Eduardo Martins. Em 23 de outubro de 1645 escreveu aos mestres de campo André Vidal de Negreiros e João Fernandes Vieira, governadores da liberdade de Pernambuco, a “Breve, verdadeira e autêntica Relação das últimas tiranias que os pérfidos Olandezes usaram com os moradores do Rio Grande". O texto é parte do Valoroso Lucideno (p277) composto por Frei Manuel Calado e editado por Domingos Correia, em Lisboa, no ano de 1668. Com esta carta, Lopo Curado Garro é tido como o primeiro autor paraibano a ter seu trabalho publicado. Lopo Garro é o patrono da Cadeira nº 08 do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano.




FOTOS



















OBS.:VISITE JOÃO PESSOA, E TODA A PARAÍBA. VALE A PENA CONFERIR ISSO TUDO DE PERTO!



MATÉRIA RETIRADA DO SITE http://paraibanos.com *VIDEO: do Programa Tony Show, voz Tony Show