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terça-feira, 27 de dezembro de 2011
Identificado vigilante que teria visto Adriano sentar no banco da frente.
RIO - A Polícia identificou um vigilante que estava no estacionamento próximo ao carro do jogador Adriano, do Corinthians, e segundo as primeiras informações ele teria visto o atacante sentar no banco da frente ao entrar no veículo. O atleta voltou a afirmar, ao depor nesta segunda-feira, que não foi o autor do disparo que feriu Adriene Cyrilo Pinto, de 20 anos, após deixarem uma boate na Barra na manhã do último sábado. A jovem estava sentada no banco de trás.
- Vamos apurar se o vigilante efetivamente estava próximo ao carro para evitar testemunha de cativeiro - diz o delegado Fernando Reis, titular da 16ª DP, referindo-se a um possível testemunho induzido. O depoimento do vigilante está previsto para quarta-feira.
Adriene foi operada no Hospital Barra D'Or, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste, mas os médicos ainda não informaram o estado de saúde da jovem. A acareação é prevista para a tarde desta quarta-feira, mas depende da alta hospitalar.
No depoimento à polícia, o atacante contou que Adriene pegou a arma, que estava entre os bancos, e a disparou acidentalmente. Ele disse não saber por que a jovem o acusa de tê-la baleado. Segundo o atacante, Adriene "não tem caráter e agiu de má-fé". O jogador prestou depoimento por uma hora e 40 minutos.
— Estou tranquilo porque sei que não disparei a arma. Quando ouvi o disparo, levei um susto e me abaixei. Estou na delegacia para prestar depoimento. Sei que a verdade vai vir à tona — disse ele.
Adriano acrescentou que não conhecia a vítima. Segundo ele, um amigo teria lhe pedido para levá-la para a sua casa. O amigo também seguiria para a casa de Adriano, mas teria ido de táxi porque não havia lugar no BMW do atacante. No carro, estavam Adriano, Adriene, o tenente reformado da PM Júlio César Barros de Oliveira — dono da pistola — e outros três mulheres.
— Quando percebemos que ela estava ferida, paramos o carro. Eu tirei a camisa, enrolei na mão dela e pedi a meu amigo para levá-la ao hospital — afirmou o jogador.
O jogador disse ainda que tinha oferecido assistência médica a Adriene:
— Eu ia pagar as despesas de hospital dela, mas, depois de ver o que ela está fazendo comigo, não pagarei mais.
O delegado Fernando Reis informou na segunda-feira que Adriene já foi vítima de saidinha de banco, ameaça e lesão corporal.
— Isso não significa que tenhamos juízo de valor sobre o que ela disse. Ela foi vítima de três episódios. O que vamos fazer é refinar essa pesquisa, para saber em que circunstâncias esses fatos ocorreram — disse o delegado. — A gente está no início da investigação e se apressou a pegar o máximo de depoimentos para diminuir a possibilidade de eventuais acordos escusos entre as partes.
Funcionários de boate também vão depor
O delegado explicou que, caso Adriene tenha mentido em seu depoimento, será autuada pelo crime de denunciação caluniosa, punido com pena de dois a oito anos de prisão. Fernando Reis afirmou ainda que, se ficar comprovado que Adriano foi o autor do disparo, como garante Adriene, responderá por fraude processual e lesão corporal culposa.
— Se ele (Adriano) estiver mentindo, sai de uma zona de conforto e passa a ter problemas. As outras pessoas que podem ter sido induzidas a mentir por ele podem responder por falso testemunho — explicou o delegado.
A polícia também vai convocar seguranças e funcionários da casa noturna Barra Music — onde Adriano estava com as quatro mulheres — para prestar depoimento. O delegado quer saber se testemunhas viram o momento em que o atacante deixou a boate. A ideia é esclarecer em que lugar no carro Adriano estava sentado. Adriene disse que ele estava no banco de trás, mas o jogador garante que estava ao lado do motorista. A perícia já constatou que o tiro foi disparado por alguém que estava atrás.
A polícia também aguarda o resultado do exame de resíduos de pólvora feito nas mãos do atacante e da jovem. Segundo o delegado, somente o teste não é suficiente para chegar a uma conclusão. Esse exame, disse o policial, deve ser conjugado a outras provas.
Na segunda-feira, por meio de nota, o Corinthians informou que ofereceu assistência jurídica ao craque caso ele precise. O clube informou ainda que, como Adriano está de férias, o time não pensa em qualquer medida disciplinar, já que a vida privada do jogador é de sua total responsabilidade.
Nascido e criado na Vila Cruzeiro, na Penha, Adriano foi citado em inquéritos sobre supostas ligações com o tráfico, mas todos foram suspensos por falta de provas. Uma investigação teve início após serem divulgadas fotos em que o jogador apareceria com um fuzil ao lado de um homem armado. Depois, foi esclarecido que a suposta arma seria um brinquedo.
Em outro inquérito, Adriano negou ter presenteado com uma moto Marlene Pereira de Souza, mãe do traficante Mica. Já em agosto do ano passado, a Polícia Civil decidiu não indiciar Adriano no inquérito que apurava se o atacante teria enviado R$ 60 mil a traficantes da Vila Cruzeiro. A polícia considerou que não havia provas. A mãe de Adriano, Rosilda Ribeiro, teria usado o dinheiro para a compra de cestas básicas para moradores da Vila Cruzeiro.
O jogador Adriano atravessou uma fase ruim em 2011 e teve pouca participação na conquista do título de campeão brasileiro pelo Corinthians. Já no início do ano, quando ainda defendia o Roma, da Itália, ele veio se tratar de uma lesão no Brasil e, depois de jantar numa churrascaria, foi para uma festa, sendo fotografado com um imenso copo de chope.
Na madrugada de 9 de fevereiro, ao sair de outra festa, o jogador foi parado numa blitz da Lei Seca. De acordo com os policiais, Adriano estava visivelmente alterado e se negou a fazer o teste de bafômetro.
No último dia 10, o camisa 10 do Corinthians havia recebido um incentivo especial. O presidente do clube, Andrés Sanchez, disse confiar numa volta por cima do atacante em 2012.
FONTE: http://extra.globo.com/noticias/rio/identificado-vigilante-que-teria-visto-adriano-sentar-no-banco-da-frente-3520158.html#ixzz1hkZahEVB
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