RIO - Bastou uma troca de ofensas com os paulistanos do Restart, via Twitter, para os já muitos fãs da banda carioca F292 se multiplicarem: de 36 mil para 56 mil seguidores na rede social. O resumo da confusão? Pe Lanza, vocalista do Restart, disse que o grupo do Rio não mandava bem. Chateado, Rafael Ferreira Neves, que canta na F292, começou uma campanha contra os roqueiros coloridos.
Tudo começou há uma semana, quando Rafael viu uma atitude do Restart como provocação. É que o grupo de São Paulo decidiu conversar com o público pela twitcam (a webcam do Twitter) às 19h, mesmo horário em que o vocalista da F292 bate seu papo diário com os fãs, também através da ferramenta.
- No primeiro dia apareceu o Pe Lu, com cara de sono, e ficou enrolando. Ele não tinha nada para dizer e não tocou música nenhuma - lembra Rafael, que há 18 dias consecutivos aparece ao vivo na web para responder perguntas e tocar músicas ao violão.
VÍDEO:Assista ao clipe de "Alguém", música composta pela banda F292 em parceria com o Capital Inicial
No dia seguinte, quando Pe Lanza surgiu para a transmissão, os fãs da F292 começaram a bombardeá-lo com pedidos para que ele tocasse uma canção da banda carioca. Foi quando o músico respondeu que nunca tinha ouvido falar do tal grupo e que não tocaria música ruim. Pronto: começa a guerra coloridos versus F292.
- A galera que curte a gente ficou revoltada com o comentário e, como não sou burro, resolvi aproveitar o alto índice de rejeição ao Restart para angariar mais fãs - declara Rafa, que fundou o grupo há três anos.
Apesar de também terem uma relação simbiótica com os fãs, os integrantes da F292 (que costumam chamar seus seguidores de "anjos" e "família") se dizem avessos à "atitude marketeira" dos roqueiros coloridos, por isso se entitulam "monocromáticos".
- Aquelas roupas coloridas que eles querem que os fãs usem são só marketing. Os músicos não usam as peças no dia a dia, porque sabem que seriam humilhados na rua, mas vendem para ganhar dinheiro. A música acaba ficando de lado - dispara o vocalista de 24 anos, antes de acrescentar: - Fora que eles desgastam o termo "família". Detesto quando dizem que estou copiando o Restart ao apelidar meus seguidores de "família". Uso esse termo desde 2008 e realmente o levo a sério. Passo cinco horas por dia em contato com eles pela twitcam, então me sinto um irmão.
Rafael Ferreira Neves, vocalista da F292, na transmissão via web desta terça-feira. Foto: reprodução
Rafa ainda manda um recado para Pe Lanza, do Restart:
- Roupas não fazem músicas. Você não deve cantar o que você veste, você tem que cantar o que você vive.
Faz quase um ano que o cantor, ex-participante do realityshow "Ídolos", começou essa rotina de interação virtual. Antes, rolava apenas duas vezes na semana, com uma média de 50 espectadores, mas agora o corpo-a-corpo é diário e tem dado cerca de 10 mil visitantes. O recorde foi batido nesta segunda-feira (27), com 14.700 viewers. Hoje, é claro, tem transmissão às 19h. Para se ter uma noção da velocidade de relâmpago com a qual a banda está crescendo, em oito meses ela ganhou 53 mil seguidores no Twitter - de 3 mil, em outubro, pulou para 56 mil, atualmente. Foram também os fãs apaixonados que fizeram a F292 sair vitoriosa do Prêmio Musique, que vai levar os moleques para tocarem no Rock in Rio, ao lado do Capital Inicial. Foram mais de 90 mil votos.
- Hoje, temos força para colocar qualquer termo nos trending topics mundiais do Twitter. Só não estamos conseguindo emplacar o nome da banda, porque ele foi bloqueado - comenta Rafael.
Pois é, esse é mais um capítulo da confusão virtual. Depois de emplacarem durante 11 dias seguidos o nome do grupo nos tópicos mais comentados do Twitter, o termo parou de ser aceito. Há 23 dias os fãs colocam lá o que o vocalista pede (ontem, por exemplo, foi seu nome, "Rafael Ferreira Neves"), mas não conseguem emplacar "F292" ou "FDoisNoveDois".
- Deve ser um boicote contra nós, porque já fizemos vários testes. Em um deles, conseguimos emplacar "goiaba verde" e "vocalista rafa" nos TTs em menos de 10 minutos, mas "F292" foi impossível. Acho que pode ser o Restart o responsável por isso. Eles têm contato com o escritório do Twitter no Brasil e dinheiro não falta - opina o cantor.
jornal o globo/megazine
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