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quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Áreas de risco se espalham por cidade com maior número de mortos pela chuva no Rio

A cidade que centraliza o maior número de mortos no Rio de Janeiro em decorrência dos deslizamentos causados pelas chuvas soma ainda muitas áreas de risco. Moradores tiveram que deixar suas casas e seus bens materiais após a Defesa Civil interditar 50 imóveis que correm risco de desabar em Jamapará –localidade onde ocorreu o maior deslizamento da cidade, com ao menos 19 mortos em apenas uma rua; a 20ª vítima morreu em outro soterramento.
De acordo com a prefeitura, do total de 20 mortes registradas no município, 17 são adultos e 3, crianças. Além das mortes em Sapucaia, o Estado registrou uma vítima em Miguel Pereira e uma em Laje do Muriaé.


A Prefeitura de Sapucaia decretou situação de emergência, mas o decreto ainda precisa ser homologado pelos governos estadual e federal para que então comece a reconstrução das áreas afetadas em regime de urgência.

Somente em Jamapará, que tem cerca de 5.000 moradores, são 280 desalojados e 50 desabrigados. É o caso do guia turístico André Luiz da Silva, 38, que conseguiu salvar apenas pertences básicos antes de deixar um dos pontos ameaçados pela possibilidade de novos deslizamentos.


"Voltei para pegar algumas roupas e tentar salvar o máximo, mas não deu para transportar muita coisa. O mais importante agora é sair daqui enquanto há risco de novos acidentes. O que eu vi nesses dias, espero não ver nunca mais. Não sei o que faria se fosse com alguém da minha família", disse ao UOL.

Silva afirmou ainda que tentava vender um outro imóvel na cidade. "Estou tentando vender um imóvel aqui na cidade desde o ano passado. Antes do Réveillon, apareceu uma pessoa interessada, me passou telefone e tudo, e disse que entraria em contato comigo agora em janeiro. Depois de tudo o que aconteceu aqui nesses dias, não tenho nem coragem de entrar em contato [com o possível comprador] novamente.”


Histórico
A cidade de Sapucaia, que possui mais de 17 mil habitantes, está situada em uma região montanhosa pela qual passa a Serra da Mantiqueira. Segundo a prefeitura, o município não tem um histórico de desastres provocados por chuvas, mas muitas casas antigas estão localizadas em encostas –a maioria construída na década de 60.

Em Jamapará, nunca houve uma ocorrência tão trágica. As áreas de maior risco em relação a intempéries climáticas estão situadas na divisa com Teresópolis, na região serrana, pois possuem diversas áreas de encostas e ruas construídas em meio aos morros.

No entanto, deslizamentos, desabamentos e outros eventos provocados pelas chuvas não são tão frequentes em comparação com outras regiões do Estado, de acordo com o governo municipal. Segundo o prefeito Anderson Zanon, as pessoas foram "pegas de surpresa".

Sapucaia não está na lista dos 251 municípios em áreas de risco (veja a lista em PDF ) no mapeamento feito pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM). O levantamento inclui as áreas mais propensas a sofrer algum tipo de desastre natural. Reportagem publicada pelo site Contas Abertas mostra que, desses 251 municípios, apenas 23 receberam recursos em 2011.

Em visita nesta quarta-feira ao município, o vice-governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, afirmou que “no máximo em dois anos” todo o Estado será mapeado para a identificação das áreas de risco.

O vice admitiu que Sapucaia não entrou na lista dos 31 municípios prioritários para serem mapeados pelo governo estadual. “Estamos fazendo aos poucos mesmo, vamos apresentar aos prefeitos. Fizemos [o mapeamento] de 31, já tínhamos feito dos municípios da região serrana e agora vamos complementar com todos os municípios, porque não dá para fazer os 91. Até o final de 2013 nós vamos entregar os outros 60 que faltam", afirmou.

Trabalho de resgate
Os bombeiros que atuam no deslizamento em Jamapará trabalham de forma ininterrupta desde o começo da semana para localizar os desaparecidos. O trabalho de resgate só é possível em razão do apoio de três retroescavadeiras capazes de perfurar rochas de grandes proporções. Não há registro de chuva no município desde a tarde de ontem, o que facilita o trabalho.


A prefeitura confirmou que os governos federal e estadual entraram em contato para disponibilizar ajudas emergenciais. Ainda nesta semana, a Secretaria Nacional de Defesa Civil enviará 500 cestas básicas. Além disso, serão doados R$ 150 mil com o objetivo de custear o trabalho de resgate e recuperação.

O ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, vai sobrevoar a região nesta quinta-feira para checar os danos causados à rodovia BR-393 –interditada em 40 pontos diferentes por conta de quedas de barreiras– pelas chuvas que castigam as regiões norte e noroeste.

O trecho entre Sapucaia e Três Rios é um dos pontos da rodovia BR-393 que apresenta altos níveis de degradação e periculosidade para os motoristas.

Situação no Estado
As chuvas que atingem o Rio de Janeiro causam estragos em ao menos 15 cidades do Estado. De acordo com o último balanço divulgado pela Defesa Civil estadual sobre as regiões norte e noroeste –as mais afetadas até o momento–, sete municípios decretaram situação de emergência: Laje do Muriaé, Santo Antônio de Pádua, Itaperuna, Italva, Cardoso Moreira, Miracema e Aperibé.

O total de pessoas fora de casa no norte e noroeste chega a quase 15 mil: são exatos 14.920, segundo os dados da Defesa Civil.




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